terça-feira, 30 de novembro de 2010

"Making of" da foto de ontem




O Instante Decisivo
por Henri Cartier Bresson



Na fotografia existe um novo tipo de plasticidade, produto das linhas instantâneas tecidas pelo movimento do objeto. O fotógrafo trabalha em uníssono com o movimento, como se este fosse o desdobramento natural da forma como a vida se revela.
No entanto, dentro do movimento existe um instante no qual todos os elementos que se movem ficam em equilíbrio. A fotografia deve intervir neste instante, tornando o equilíbrio imóvel.
O olhar do fotógrafo está constantemente avaliando. Um fotógrafo pode captar a coincidência de linhas simplesmente ao mover a cabeça uma fração de milímetro. Pode modificar a perspectiva com um leve dobrar de joelhos. Ao colocar a câmara próximo ou distante do objeto, o fotógrafo pode desenhar um detalhe - ao qual toda a imagem pode ficar subordinada ou ainda que tiranize quem faz a foto. De qualquer modo, o fotógrafo compõe a foto praticamente na mesma duração de tempo que leva para apertar o disparador, na velocidade de um ato reflexo.
Algumas vezes acontece de o fotógrafo paralisar, atrasar, esperar para que a cena aconteça. Outras vezes, há a intuição de que todos os elementos da foto estão lá, exceto por um pequeno detalhe. Mas que detalhe? Talvez alguém repentinamente entrando no enquadramento do visor. O fotógrafo, então, acompanha seu movimento através da câmara. Espera, espera e espera, até que finalmente aperta o botão - e então o fotógrafo sai com a sensação de que captou algo (embora não saiba exatamente o quê). Mais tarde, no laboratório, ele faz uma ampliação da foto e procura nela as figuras geométricas que aparecem à análise e o fotógrafo se dá conta, então, de que a foto foi feita no instante decisivo. O fotógrafo instintivamente fixou um padrão geométrico sem o qual a foto estaria sem forma e sem vida.
A composição deve ser uma das preocupações do fotógrafo, mas no ato de fotografar isto só acontece a partir da sua intuição, já que ele está ali para captar o momento fugidio e todas as relações dos elementos que compõem a cena estão em movimento.
Ao aplicar a "Regra dos Terços", o único compasso que o fotógrafo tem são seus próprios olhos. Qualquer análise geométrica, qualquer redução da foto a um esquema, só pode ser feita - pela sua própria natureza - depois que a foto já foi tirada, revelada e ampliada. E aí, ela só pode ser usada para um exame "post-mortem" da cena.
Espero nunca ver o dia em que as lojas de equipamentos fotográficos vendam esquemas geométricos para colocarmos nos visores de nossas câmaras; ou a "Regra dos Terços" colada nos nossos óculos. Se um fotógrafo começa a cortar uma boa foto, isto representa a morte à correta relação geométrica das proporções entre os elementos que compõem a imagem. Além do que, raramente ocorre de uma má foto, que tenha sido mal composta, seja salva pela reconstrução de sua composição no laboratório, pois a integridade da visão do fotógrafo não estará mais lá. Há muita conversa sobre os ângulos da câmara, mas os únicos ângulos válidos existentes são os ângulos da geometria da composição e não naqueles fabricados pelo fotógrafo que se deita no chão ou coisa que o valha para encontrar seu enquadramento.

7 comentários:

Anônimo disse...

Não rasgou nada, não???

Frederico Guerreiro disse...

Eu sabia que já javia visto o Wagner. Foi no Cirque du Soleil, na parte em que o contorcionista consegue sentar no próprio tornozelo, para massagear... o pé, é claro.

Mas, bricadeirinha de lado, esta semana tive uma experiência fotográfica interessante. Além de ser costume meu bater foto com Mal de Parkinson, desta vez o flash da câmera achou de disparar duas vezes, registrando o enquandramento somente no segundo disparo.
A missa de formatura colegial da minha filha, hum..., estamos por conta dos amigos da classe.

Anônimo disse...

Cuidado com o rabo quando se abaixar desse jeito... a zizi pode ir pras cucuias...

Frederico Guerreiro disse...

Ah, o anonimato.

Mas ok, Wagner. Entendi o recado.

Belenâmbulo disse...

Aos anônimos,
Apesar de eu não praticar alongamento do esfíncter anal (com todo respeito aos adeptos), garanto que sua integridade foi mantida após a manobra retratada.

Ao anônimo que atacou o Fred,
Sugiro que acrescente "O Intimorato" (www.intimorato.blogspot.com) à sua lista de leituras "de conteúdo".

Fred,
Não delete suas fotos. De repente você tem chances no Arte Pará do ano que vem.

Abraços

Belenâmbulo disse...

Anônimo,
Não ativei a moderação de comentários porque às vezes fico muito tempo sem vir por aqui (tenho dezenas de postagens programadas até janeiro do ano que vem).
Permito o anonimato a fim de estimular o debate (tem gente que é tímido).

No entanto você ultrapassou os limites, ao utilizar este espaço para ofender de forma grosseira a pessoa de Frederico Guerreiro. Não posso admitir esse tipo de coisa.

Esse foi o motivo da exclusão de seus comentários.

Continue visitando e comentando, se possível de maneira identificada. Porém, se prefere permanecer anônimo, peço que respeite os frequentadores do blog.

Abraço

Frederico Guerreiro disse...

Obrigado, Wagner.
Abraço